O Sonho: A Pensão e os Yokais 妖怪

Relato de sonho anônimo.

O ambiente do sonho se passava em uma pensão, uma casa grande de hospedagem. Os personagens eram claramente asiáticos, e em minha mente eu sabia que eram, mais especificamente, japoneses.

O casarão era imenso, conectando duas ruas. (Guarde essa informação.) A porta dos fundos dava para uma viela, enquanto a entrada frontal se abria para uma rua movimentada. As paredes tinham um tom de verde claro, quase branco, desgastado pelo tempo. As portas eram da mesma cor, mas em um tom mais escuro e vibrante.


A dona da pensão era uma senhora aparentando cerca de 60 anos. Ela vivia com suas duas filhas, jovens que não deviam ter mais de 30 anos.

Era noite. A senhora foi verificar as portas traseiras da casa. A primeira conectava a pensão a uma pequena viela, e a segunda, após passar pela lavanderia, dava de frente para a cozinha. Curiosamente, ela não verificou a porta de acesso à rua. Deixou a luz da lavanderia acesa, passou pela última porta e, já na cozinha, trancou a porta de ferro com pequenos quadradinhos de vidro que sempre rangiam ao serem fechados.

A mulher voltou aos seus afazeres na pia. Suas duas filhas estavam sentadas à mesa, com uma panela de ramyeon quente servida à frente delas.

Na viela, tudo estava à meia-luz. Era tarde, e todos já haviam recolhido para suas casas, exceto por duas moças bêbadas, vestidas para uma festa. As blusas brilhantes e as minissaias que usavam não pareciam ser suficientes para o frio de outono.

Dentro do casarão, a família se sobressaltou ao ver, pela janela da lavanderia, as duas moças entrando pela primeira porta, vindas da rua. Ninguém se moveu, até que as jovens começaram a bater na segunda porta.

As irmãs, ainda sentadas à mesa, tinham acabado de comer. Elas se entreolharam e depois observaram a mãe, que lentamente se afastou da pia, parecendo ir buscar algo em um cômodo próximo.

Na lavanderia, as moças bêbadas batiam na porta e falavam alto. Uma delas, coberta de acessórios, gritou com a voz mole:
— Deixe a gente passar!


Era impossível entender metade do que diziam.

A senhora retornou com um esfregão e um balde nas mãos. Calmamente, posicionou-se diante da porta e começou a limpar o chão. Do outro lado, por conta dos vidros jateados (embaçados), as moças conseguiam ver apenas uma sombra se movendo de um lado para o outro, o que as fez bater ainda mais forte.

A tranquilidade da mulher com o esfregão deixou as filhas confusas, mas elas permaneceram imóveis. A senhora, então, parou de limpar, posicionou-se ao lado da porta e, de repente, esta cedeu, fazendo os vidros estourarem.

Por sorte, as mulheres não se machucaram. A dona da pensão, que não parecia surpresa, ouviu atentamente os murmúrios das jovens. Elas apenas queriam cortar caminho, passando pela casa. Após escutá-las, a senhora as convidou a passar a noite ali, já que era tarde e seria perigoso vagar por aí no estado que estavam. 

Depois de tomarem banho e vestirem roupas limpas, mais adequadas para o frio, a mais nova das duas já estava abrindo a porta do quarto para se deitar, quando a senhora a chamou para ir até a sala. Entre a porta entreaberta sem que ninguém visse uma sombra se desfez como algo que passará rápido.

Na sala, as cinco mulheres se reuniram em frente à TV. A velha comentou:

— É melhor dormirmos juntas aqui. A noite está profunda demais hoje.


As jovens não deram muita atenção à fala e começaram a assistir a um documentário. O tema era os Yōkais, criaturas sobrenaturais da mitologia japonesa, frequentemente associadas a fenômenos inexplicáveis, lendas e contos populares. Na tela, a apresentadora explicava:

— Os yōkais são criaturas mitológicas que assumem várias formas, sendo as mais comuns mulheres ou crianças. Muitas vezes, aparecem como figuras humanas que passam despercebidas.


As duas jovens, agora sóbrias, sentiram um calafrio percorrer a espinha. Elas se entreolharam, como se compartilhassem o mesmo pensamento: “Será?”

Enquanto isso, a senhora já não estava na sala, havia saído para verificar o depósito ao lado da porta principal, muito provável para trancar a porta que não havia trancado antes. Ao voltar novamente uma sombra se projeta ao muro, sem que ela a percebesse, e sumiu do mesmo jeito que apareceu. Após voltar da lavanderia, ela se preocupou em trancar todas as portas e janelas, acendeu as luzes e posicionou-se no meio da casa, como se aguardasse algo.

De repente, dois estrondos simultâneos ecoaram: a polícia invadira as duas entradas da pensão. As mulheres, assustadas, se encolheram no sofá, enquanto a dona da casa permaneceu imóvel. Uma delegada, arma e distintivo à mostra, aproximou-se dela e declarou:

— A senhora está presa por práticas sobrenaturais. Recebemos a denúncia de que há um elemento de outro mundo nesta pensão.

Enquanto isso, um dos guardas olhou intrigado para a porta. Ele pareceu ver algo e, sem hesitar, correu para fora. Todos ficaram sem reação. Minutos depois, o policial retornou, trazendo consigo um homem algemado. Ele aparentava ter entre 30 e 35 anos, magro, de pele clara, barba rala e roupas largas.

Ninguém acreditava no que via. A delegada, surpresa, confirmou que aquele era o homem que buscavam há tempos: um serial killer que tinha como vítimas preferidas mulheres entre 25 e 35 anos. Ele possivelmente estava seguindo as duas jovens. 

Será que a dona da pensão já sabia de tudo ou foi apenas uma coincidência?

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