O Sonho Dentro do Sonho
Relato de sonho anônimo.
Era 4:19 da madrugada quando acordei de um sonho intenso. E não era apenas um sonho, mas um sonho dentro de outro – duas camadas, dois níveis de realidade.
Na camada mais profunda, o sonho pertencente à pessoa que eu
era no sonho da primeira camada. Eu estava na minha casa (casa da pessoa que eu
era), à noite, escura e silenciosa, mas a sensação de medo pairava no ar. Meu
marido estava dormindo, e a luz da frente estava acesa. Alguém estava tentando
entrar, e esse temor parecia tão real, quase tangível.
De repente, a personagem do meu sonho se virou para uma área
mais iluminada da casa, e ali estava um gato. Mas ela(eu) não tinha gato
nenhum. O animal, com seu pelo rajado, parecia ser a solução, a chave para a
segurança. Era o salvador, a resposta para todos os seus problemas. Então, ela
acorda e, com urgência, conta ao marido sobre o sonho. Pede para que ele não
deixe o filho deles dormir exposto e fala sobre o gato, dizendo que gostaria de
adotar um ou ficar de olho, caso aparecesse um igual. O marido, sem questionar
muito, concordou.
Quando a noite chega novamente, o pesadelo se revela. O
filho do casal observa, de uma janela alta, e a mãe, preocupada, pede para que
o marido o tire dali. A janela não fecha completamente, e, da posição do
quarto, eles conseguem ver a porta. A luz de fora está acesa, e alguém tenta entrar,
assim como no primeiro sonho. O medo volta a tomar conta, agora mais palpável.
Parece uma substância líquida, que vai subindo, das pontas dos pés até a
cabeça, e a adrenalina começa a tomar o controle.
Foi nesse ponto que acordei, já na realidade (a de verdade),
sentindo exatamente a mesma sensação. O medo era tão vívido, tão real, que
parecia estar comigo ainda. Mas algo estranho aconteceu: minha mente estava
desperta, mas meu corpo não respondia. Eu estava paralisada, presa na paralisia
do sono. A sensação de medo não tinha ido embora, e eu sentia o pânico tomar
conta de mim novamente. Será que isso poderia acontecer na realidade? Eu
estava acordada, mas meu corpo não respondia, presa em algum lugar entre os
dois mundos.
Impossível ver qualquer coisa naquela posição. O medo só
aumentava. Tentei mexer o corpo, mas nada acontecia. Foquei em mexer os dedos,
nos pés, nas mãos, e então percebi que a única coisa que podia fazer era tentar
manter o controle. Penso em dormir de novo e fecho os olhos, mas imediatamente
volto ao sonho, não, eu não quero continuar lá.
Abri os olhos, com esforço, e lentamente comecei a me mover.
Olhei o relógio: 4:19. Tinha que ser.